terça-feira, 18 de novembro de 2008

Progresso?



Caros leitores, de LM News, desculpem a demora por uma nova postagem, mas é que um processo de mudança ocorreu em minha vida, emprego novo, casa nova, vida de semi-casado agora, enfim vida nova. Obrigado pela paciência. So, let's go.


Ironias da vida (grande frasezinha clichê!).
Quem me conhece sabe que sempre fui um crítico ferrenho de qualquer coisa “criada” pelo pop. Pois bem. Tem dois álbuns que venho ouvindo com muita freqüência hoje: o álbum homônimo da Mallu Magalhães e o King of Pop, do Michael Jackson.
Coisa não?
A esses dois fui obrigado a me render. Além do som folk (danem-se os que chamam de indie-rock) bem trabalhado que faz, a voz da Mallu é apaixonante. Sem contar as influências folk dela que coincidem com as minhas, como Dylan e os primeiros álbuns do Bowie. Além de ter sido muito bem recomendado por pessoas que manjam do assunto, como Marcelo Camelo. J1 pode ser meio manjada, mas é uma música quase perfeita. Sem exageros e sem faltas, como o resto do álbum.
E o Pack Man das criancinhas? O tio Jackson é outro produto do pop, mas não como essas merdas tipo Backstreet Boys e Five, ou mesmo essas apimentadinhas tipo Britney Spears e Pussycat Dolls. Não. O cara tem talento. Além da indiscutível precisão como dançarino, o cara canta muito e tem um instrumental muito bem trabalhado e agradável aos ouvidos. Black Or White dá uma energia fenomenal quando chega aos ouvidos. Sem contar as guitarras animais de Eddie Van Halen nas músicas do disco Thriller. Esqueçam as maluquices dele, concentrem-se nas músicas.
E são dois opostos. Mallu Magalhães iniciando a carreira, Michael com ela praticamente encerada. Ele com influências dance, ela folk e rock. Se bem que ele talvez gostasse dela se a conhecesse, pois tem apenas 16 aninhos.
Que ela continue assim e siga os passos de Joss Stone, que também começou com 16 aninhos e hoje, com 21, é esse fenômeno do Pop-jazz no mundo todo (e também canta muito).
E ele, bom, ele já fez o que tinha que fazer. Agora é só festa, processos e Neverland.

Agora, terminados os baba-ovismos, volto ao assunto.
O que faz uma pessoa musicalmente tão radical como eu era ouvir essas coisas hoje? Quatro ou cinco anos atrás eu jogaria um CD de qualquer um destes dois no lixo. Quebrados pra não cair em tentação. E o pior: nem os ouviria. Teria náuseas ao ouvir alguém falr de Coldplay.
Será que essa mudança se trata de uma evolução ou regressão? Uma transição antropofágica que nos leva a devorar cada vez mais novos artistas como pacotes de Doritos?
Esse novo leque musical que surge quando a mente se abre é uma coisa boa? Lembro de quando minha mãe ouvia Led Zeppelin e Pink Floyd. Hoje o que mais fica dentro do som dela é Bruno e Marrone e Victor e Léo. Será esse o meu destino também?
O engraçado é que me sinto cada vez mais bem resolvido musicalmente. Sei o que gosto de ouvir mas perdi o medo de ouvir coisas novas. Isso sei que é um ponto positivo.
Acho que uma cabeça aberta é um sinal de evolução mesmo. Então, que continue assim o meu processo de crescimento.

Ah, se alguém conhecer algo novo e que valha a pena escutar, pode recomendar. Tô ouvindo qualquer coisa.

sábado, 25 de outubro de 2008

Gabarito

Bom pessoal, vamos parar de confundir vocês. aqui vai o gabarito. Nos comentários deste post cabem também recurso às questões controversas (eu sei que tem, hehe). Ah, e vai também o rankingzinho (new word?).
1 ( F )Albatroz é só uma ave.
2 ( V )Verdade mesmo. Por mais increça que parível.
3 ( V )Vide Aurélio.
4 ( F )Aerolitos não existem. São aerólitos.
5 ( F )Mas seria legal.
6 ( F )Claro que o sábio sabia que o sabiá sabia assobiar, e contou pro sapo.
7 ( V )Sim, existe algo acima de Chuck Norris.
8 ( V )Possuem, só não fazem uso dele.
9 ( V )Essas atrizes são esnobes mas têm senso de humor.
10( V )Há realmente essa corrente de cientistas, claro que partem de uma teoria um tanto absurda, mas...
11( F )Façam o teste.
12( F )Hitler era austríaco.
13( V )Vide "Apocalipse Now".
14( F )Rá, tá bom.
15( V )Li isso em alguma edição da Superinteressante. Não me pergunte qual.

Ranking:
Empate!!!
1º Lugar, empatadas com 9 pontos: Vivi e Flávia.
3º Lugar, empatados com 8 pontos: Kelvim e Bob.
Lanterna, 7 pontos: Ângelo.

Sei que o resultado devia sair só amanhã, mas como acho que ninguém masi ia responder mesmo...

quinta-feira, 16 de outubro de 2008

V ou F



Muitas coisas geram controvérsias e discussões infindáveis. Quem veio primeiro, o ovo ou a galinha (sendo ovo de galinha, claro, ovo de, sei lá, Pterodátilo não vale)? O homem pisou mesmo na lua? Jim Morrison morreu mesmo ou simulou a morte pra virar agente da CIA, ou está vendendo amendoim e fazendo malabarismos em algum semáforo? Eu sou mesmo teimoso (essa pergunta foi respondida em uma premiação na festa de comemoração dos 10 Anos da nossa turma, no dia 11 de outubro, onde ganhei com ampla vantagem em relação ao segundo colocado na votação)? O Silvio Santos existe mesmo ou é fruto do inconsciente coletivo e de uma jogada de marketing da Hebe, que na verdade é a verdadeira dona do SBT (caso ela exista mesmo)? A Flávia me deu um esporro mesmo ou foi só minha mente se obrigando a escrever algo?

Há uma linha tênue que separa o real do ilusório, a verdade da mentira, o fato do imaginário. Por isso resolvi desenvolver este teste. Consiste no seguinte: serão quinze colocações. Elas podem ser verdadeiras ou falsas. Então é o seguinte: respondam nos comentários o que acham, quais são V ou quais são F. Dentro de 10 dias eu divulgo o gabarito. Ah, não vale consultar o Google, dicionários ou outros mecanismos de pesquisa, senão o teste perde o sentido, que é mostrar quão irreal a verdade pode parecer e quão verossímil pode ser uma bela lorota. So, let´s go.

1 ( ) Albatroz é o nome de uma prisão americana, não tão famosa quanto a quase chará Alcatraz, e recebeu esse nome em homenagem à ave de rapina, que, segundo o governo estados-unidense declarou durante a construção da prisão, era o único ser capaz de escapar com vida da prisão.
2 ( ) Um dos 3 times que deram origem na década de 40 ao hoje poderoso Chelsea foi o Corinthians Football Club, clube inglês que em 1910, em uma turnê pelo Brasil, venceu o Palmeiras por 5 a 0. Daí surgiria, fundado por pessoas que obviamente antipatizavam com a equipe verde, o Esporte Clube Corinthians Paulista, já nascendo com a até hoje marcante rivalidade entre os dois clubes.
3 ( ) Guasca é o mesmo que chicote.
4 ( ) Os aerolitos do Chapolin são realmente pedaços de pedras provindas do espaço sideral.
5 ( ) A direção que o redemoinho de água toma é diferente acima e abaixo da linha do Equador. Na descarga do banheiro ela influencia diretamente no fedor que exala das fezes. Acima da linha as fezes exalam mais cheiro.
6 ( ) Na verdade o sábio não sabia que o sabiá sabia assobiar. Muito menos o sapo soube saber.
7 ( ) Um dos lutadores da famosa família Grace deu aulas de luta livre e jiu-jitsu para o Chuck Norris.
8 ( ) Emos possuem cérebro.
9 ( ) Para convidar Julia Roberts pra o filme Onze Homens e Um Segredo, George Clooney e o diretor do filme Steven Soderbergh enviaram à ela uma cópia do roteiro e uma nota de vinte dólares, com um bilhete e os dizeres “Ouvi dizer que você cobra 20”, referência aos 20 milhões que a atriz ganhava por filme na época. A brincadeira funcionou, ela aceitou, como os outros astros do filme, gravar pelo preço mínimo imposto pela associação dos atores, que foi a única forma de viabilizar um filme com tantas estrelas.
10 ( ) Há uma corrente de cientistas que afirma que a AIDS é uma doença que não existe e seus sintomas são causados pelo coquetel AZT.
11 ( ) As meias Vivarina resistem firmemente ao corte de uma faca Ginsu sem rasgar ou desfiar.
12 ( ) Hitler, como o Papa João Paulo II, era polonês.
13 ( ) Os vietcongues eram chamados pelos americanos de Charlies durante a guerra do Vietnam.
14 ( ) O suco de meia acerola contém mais vitamina C do que o de 27 laranjas das chamadas “umbigo”.
15 ( ) uma pessoa com a cabeça decepada consegue assistir conscientemente o próprio corpo sem ela por até 15 segundos.

Ah, e por favor, as afirmações que vocês souberem serem falsas, não expliquem por que, para preservar a integriade e igualdade para todos no teste.

sexta-feira, 26 de setembro de 2008

Teimoso? Eeeeuuuuuu?



Ultimamente venho sendo chamado com muita freqüência de teimoso. Teimoso, cabeça-dura, intransigente, inflexível, etc. Meus amigos têm até a irritante mania de, ao começarmos um debate, logo encerrá-lo com “Tá, Zé, tá...”. É o mesmo que dizerem “Tu não vai admitir que tá errado mesmo”.
Panacas.

O que eles não entendem é que não sou teimoso. Sou convicto. Tenho plena fé em meus pontos de vista pois acredito em cada um deles. Alguns chamam isso de fé. Outros chamam de burrice. Eu digo de boca cheia (sem duplo sentido): Convicção.

Um destes amigos que me chamam de teimoso discute comigo sobre música. Me xinga por eu gostar de Coldplay. Acontece que este nobre amigo não tem o menor senso musical, mas sim é influenciado claramente pelo gosto alheio e pela formação de roqueiro que é mérito da “patota” com quem andava, e não de descobrir por si só o que é bom, então nada que surge de novo em matéria de música lhe soa bem aos ouvidos. E todo mundo concorda neste ponto. É o mesmo que eu discutir música com, sei lá, Hermeto Pascoal. Mesmo assim, numa discussão com ele o teimoso acaba sendo eu.

Outro amigo, também blogueiro, me chama de teimoso por causa de uma aposta que perdi pra ele dia desses. Ele afirmava que Mel Gibson tinha dirigido Coração Valente. Eu disse que não, que ele apenas tinha atuado no filme. Perdi a aposta. Porém o fato de ele também ter perdido uma aposta pra mim em que dizia que o protagonista de Coração de Dragão era Harrison Ford, e não Dennis Quaid, como eu sabia que era, não é citado.

Outro fala tanto que não tem nem como discutir com ele (né Marco? hehe).

E é assim. Uma discussão saudável sempre é boa, sendo com alguém cabeça-dura ou não.
Ah, e ultimamente eu ando fazendo o “Tá, não sei quem, tá...”.
Eles ficam muito putos!

Tem a história do cara que teimava com todo mundo. Chamava todo mundo de mentiroso e tal. Até que certa vez veio um amigo e disse que tinha um apito de chamar mulher. Ele, teimoso que era, não acreditou. O amigo então o levou pra uma ilha deserta e, lá longe da civilização, soprou o apito. Começaram a aparecer mulheres de todos os lados. De volta ao lar, o amigo do teimoso o chamou para que contasse a todos a história. Perguntou “e então, chamava mulher meu apito ou não chamava?” no que o teimoso respondeu “mas também, cada baranga!”.

quinta-feira, 18 de setembro de 2008

Quem se atreve a me dizer do que é feito o samba?


A velha cascavel espreita os participantes do safári em busca de uma perna digna de receber seu precioso veneno. Reproduz uma velha salsa em seu chocalho. Gosta muito do swing da salsa. Faz se sentir menos... rastejante.
A velha Winchester1873 ouve e também se sente bem ao som da salsa. Enquanto é preparada para o trabalho relaxa. Sabe que logo terá que matar. Não gosta disso, mas é essa a sua essência. Olha com desdém para as outras armas menores. Sabe que algumas delas podem ser mais ágeis, às vezes até mais letais, mas não têm o mesmo charme. Thanks, Terminator. A salsa faz ela se sentir menos... letal.
O caçador ouve o chocalho da cascavel mas, coitado, não tem ritmo. Não sente a música, sente só o perigo que a cascavel representa.
A salsa cessa num instante.
A dança da morte é de uma sincronia desconcertante.
O bote da cascavel é certeiro. A panturrilha picada adormece quase que instantaneamente. As mãos não. As mãos rapidamente pegam a arma que estava caída e, com a precisão de quem já disparou tanto, acertam a cabeça da cobra. Ela agora reproduz um samba. Mas não há ninguém pra sambar. O samba agonizante de almas agora sem corpo, sem sangue, sem vida.
A velha 1873 apenas observa. Agora descansa solitária. Trabalho árduo, este de tirar vidas. Pelo menos teve um fim melhor que o do caçador e que o da cascavel. Ou não.

segunda-feira, 8 de setembro de 2008

EMOlândia



Os Emos estão dominando o mundo. Cérebro, se soubesse que isso aconteceria, teria formado junto com o Pink a primeira banda emo.
Ontem fui ao shopping tomar um chope chapado chupando chup-chup, e, quando cheguei, confesso que fiquei amedrontado: a praça de alimentação era monopólio emo. Conversei com minha namorada e fomos embora, por que algo pudesse entrar em meu estômago sem efeitos colaterais com aquele cheiro de laquê firmador de franjas.
Outro sintoma claro é o nosso próprio idioma: os casos de Emo-rróida vêm se multiplicando. Ninguém mais sangra, todos têm Emo-rragia. Não posso mais ficar emocionado, por que isso agora é uma exclusividade emo. Só eles podem chorar cm propriedade, como quem dedicou a vida toda a chorar com estilo, com toda a pompa, e nós somos não-iniciados.
O cenário musical também vem sendo facilmente dominado por eles. Mas o que ocorre é um fenômeno estranho: eles têm vergonha de sua própria condição, e nenhuma das bandas emo (Fresno, NX Zero, e eu diria até CPM 22) gostam de ser rotuladas como tal. Queriam ser chamadas do que, de bandas de rock progressivo, alternative rock, punk rock? Os punks teriam vergonha de ter influenciado este tipo de “cultura”.
Sim, digo “cultura” entre parênteses por que é um grupo de pessoas sem ideologia nenhuma. Nenhuma!!! Alguns dirão que o que acontece é que eu não conheço a forma de pensar deles. Pois bem. Postei uma vez um tópico numa comunidade chamada “Sou emo, e dai?”, onde eu afirmava isso, que eles são pessoas sem ideologia, guiadas pela moda tosca do momento, e que se alguém soubesse me explicar no que eles acreditam, ou pelo que eles lutam, eu calaria minha boca e nunca mais criticaria emo algum. Em uma comunidade com 12 mil membros sabe quantos me responderam? Nenhum. O cara podia ter dito que eles lutam por cirurgia plástica grátis par todos os ornitorrincos, ou algo do tipo, eu respeitaria, mas o fato é que nem isso eles fazem.
Um tempo atrás vi uma foto de um protesto de emos mexicanos, uma das cenas mais bizarras que já vi, mas pensei bom, pelo menos estão protestando, mas o protesto era apenas para que os skin-heads parassem de bater neles. Saudades do John Wayne, pra meter bala nesses cucarachas.
Até o estoque de maquiagem eles estão monopolizando: é o laquê da mamãe, o estojinho de maquiagem da irmã, e tal, tudo pra ficar com o cabelo na frente do olho e com o olho exposto preto. Talvez seja esse o motivo de tanto choro: cabelo bate no olho =Lágrimas.
Estamos fadados a ser dominados pelas franjinhas. Preparem-se: chorar pode ser a única saída.
Ah, e não podia deixar passar: Emo é o contrário de Ome.

sábado, 6 de setembro de 2008

O Recanto dos Jasmins



Pessoal, este é O Recanto dos Jasmins.
Da esquerda para a direita:
Bob "Fast Fingers" Medeiros: O guitarra solo da banda e o precursor do negócio. É também o produtor dos projetos, realizando seus milagres em seu pequeno "estúdio".
Pitão: Baixo e vocal. O sequelado da banda, hehe. O resto da banda tem a difícil missão de suprimir as influências "reggae" que volta e meia se apoderam de sua mente, por enquanto com êxito.
Dudu Nobre: O Dudu é o trash da banda: pedal duplo na veia.
Zé Gota: Segundo as fãs, o bonitão da banda. Último a integrar a banda, porém com fundamental influência no processo criativo e diminuindo o déficit estético pelo qual a banda passava, hehe.
Part. Especial: Guitarra do Marco. Usei ela pela questão estética e por uns ruídos estranhos que a minha guitarra está fazendo. acho que ela está passando por um crise existencial.
Ah, by the way, nossa música SNG ficou em 12º lugar no Troféu Vadico da Canção.
Boicote Sertanejo!!!

quarta-feira, 27 de agosto de 2008

V de vingança, B de burrice



A vingança é uma merda, quer ver quando regada a muita burrice. Ontem (26/08) eu estava, em bom brasileirês, “puto da vida”. E estou ficando mais puto agora por que meu Word não quer adicionar as palavras “puto” e “merda” ao dicionário, mas isso não vem ao caso.
Pois voltemos à vingança. Estando eu puto da vida comigo mesmo, resolvi me vingar de tudo que faço e não gosto, tentando me livrar de todos os meus vícios, ou os que me abordassem ao longo do dia.
Animal!!!
O primeiro vício, ou pecado, que resolvi atacar foi a gula. A fome me bateu lá pelas duas da manhã, mas não queria comer nada. Fiz o seguinte: fui tomar uma xícara de chá bem quente. Foi só o primeiro gole. Queimei a língua, fiquei com fome e com a língua queimada.
Imbecil!!!
Depois foi a preguiça. Achei que estava dormindo demais e produzindo pouco. O sono começou a bater lá pela uma da manhã, mas resisti bravamente. Fui dormir as 5, acordei as 8. Quase à tapas. Mas levantei. Agora estou aqui caindo de sono. Literalmente.
Jegue!!!
Lá pelas 4 da manhã comecei a ficar com frio. Como punição pela burrice de ter queimado a boca fiquei sem cobertor, passando frio. Resultado: Gripe.
Enfim, o saldo foi esse: gripe, sono e fome, porque é complicado comer com a língua queimada.
Bocó!!!

segunda-feira, 4 de agosto de 2008

Sorry

Pessoal, por causa dos direitos de publicação, ou alguma cosa assim, é norma de um festival no qual nossas músicas estão inscritas que elas têm que ser (ou serem?) "inéditas", por isso tivemos que tirá-las de todos ois meios de publicação pela internet. Depois do festival elas estarão novamente disponíveis no blg e no myspace. Ah, e a proposito, elas estão clssificadas para a segunda fase do festival, ainda restam esperanças...

sexta-feira, 25 de julho de 2008

À Procura


Meus sonhos perdidos que ninguém achou
São apenas papiros que não têm mais valor
Sangue na roupa que você manchou
Coagulando os resquícios daquele velho amor...

E ainda procura pois não entendeu
Que está atrás de algo que não é seu.
Nobreza de um plebeu
Que o tempo não venceu.

Agora galga os degraus da nova escalada
Pra começar admite que estava errada...

Sonhos perdidos entre choros e risos
Salvo o caso do tempo parar...
Muito mais que isso seria preciso
Pra impedir o fim de chegar

Seu jogo abriu a ferida que sangra desordenada,
Deixou você tal uma alma penada
Que agora não descansa em paz
E não tem mais tempo pra correr atrás

E o vento então soprou e levou
O medo, a dor, o senão, tudo o que você deixou...

Agora achei meus sonhos sem você
Que acordou e não os pode mais ter.

segunda-feira, 23 de junho de 2008

Rest in Peace


Quando um senão, ou até mesmo um por quê
Destila o veneno que o leva a rever
Os conceitos de “o que foi”, “o que podia ser”
Resta o gosto amargo do que faltou fazer.

E sabe que ainda não pode morrer em paz...
O coração rompe as grades ansiando por mais...

Deparamos-nos com a justa liberdade
Sadia e serena, quase necessidade.
Procuramos um guia, procuramos verdade.
Onde está? Até tenho saudades...

Do tempo em que se podia morrer em paz...
Fecho as grades, a prisão de refaz.

Solidão, sim e não
Solidão na prisão clamo por razão
As chaves onde estão? Medo e dor, união...
Onde estão os meios? Daqui só vejo os fins
Será que alguém veio? Apenas os querubins.

Como fomos passíveis de perdão?
Cromossomos. Genes de destruição.
Que a loucura nos leve à morte em paz.

sexta-feira, 13 de junho de 2008

Proust pergunta, eu (também) respondo

Dando seqüência à série que está percorrendo blogs parceiros:

Com qual figura histórica você mais se identifica?
Dante Alighieri.

Quem é a pessoa (viva) que você mais admira?
M. Night Shyamalan.

Qual é o seu maior medo?
Perder pessoas que amo.

Qual é a característica que você acha mais deplorável em você?
Conformismo.

Qual característica que você mais deplora nos outros?
Prepotência.

Se você pudesse mudar uma coisa em você, o que seria?
A força de vontade. Ou a falta dela.

Qual é a sua grande extravagância?
Gasto muito dinheiro com ingredientes para receitas experimentais. Quase sempre dão certo. Quase.

Em que ocasião você mente?
Quando a água bate na bunda.

O que você considera ser uma virtude fora de moda?
Paciência.
“Enquanto o tempo acelera e pede pressa, eu me recuso faço hora vou na valsa, a vida é tão rara...”
(Lenine)

O que você menos gosta na sua aparência?
Minhas estrias que, segundo meus amigos, são resultado de uma briga com uma jaguatirica. Que eu perdi, claro. A briga, não as estrias.

Que palavras ou frases você usa demais?
Palavrões. Todos eles.

O que ou quem é o grande amor da sua vida?
Minha guitarra e minha namorada. Os amigos e a família eu acho que nem preciso citar.

Qual a sua idéia de felicidade?
Consciência limpa.

Qual é a sua profissão favorita?
Músico.

Que talento você mais queria ter?
Persuasão.

Qual é o seu estado de espírito nesse momento?
Apressado.

Se você pudesse mudar uma coisa na sua família, o que seria?
A condição financeira.

O que você considera a sua maior conquista?
As músicas que tenho gravadas com minha ex-banda, os Hudsons.

Se você morresse e voltasse como uma pessoa ou coisa, o que você gostaria de ser?
Poeta.

O que você tem de mais precioso (material)?
Minha guitarra.

Quais são os seus nomes favoritos?
Jürgen.

O que você considera o fundo do poço da miséria humana?
A sede de sangue.

Onde você gostaria de viver?
Floripa. Simples.

Qual é a sua característica mais marcante?
Bom humor.

Qual é a qualidade que você mais aprecia num(a) homem(mulher)?
Fidelidade e bom humor. Nessa ordem.

O que você acha mais importante num amigo?
Inteligência e senso de humor.

Quem são os seus escritores favoritos?
Dante Alighieri, Kafka.

Qual é o seu super-herói preferido?
Chapolin Colorado.

Quem são seus heróis na vida real?
Humberto Gessinger.

O que você menos gosta?
Música ruim.

Qual é o seu maior arrependimento?
Besteiras que quase me fizeram perder o amor da minha vida.

Como você quer morrer?
Jogando futebol.

Qual é o seu lema?
Live and let live.

terça-feira, 3 de junho de 2008

A essência dO Essencial


A edição deste mês da revista Super Interessante trás uma pequena matéria a respeito de uma pesquisa feita pelo americano (ou estadosunidense, para os amigos cri-cris) Steve Wells, que vasculhou a Bíblia computando as mortes lá atribuídas ao Diabo e as mortes atribuídas a Deus. Descartando as mortes causadas no Dilúvio (calcula-se que a população da terra na época fosse de 30 milhões de pessoas, e, tendo sido salvos apenas o Sr. e a Sra. Noé e, no máximo, uns 30 parentes – o que demonstra que Deus aprova, sim, o nepotismo – são 29.999.968 mortos), por ser apenas uma estimativa e não um número exato, Deus tem no currículo 2.270.365 mortes. Só nos relatos bíblicos. O saldo do Coisa Ruim é de apenas 10. Só os 10 filhos de Jó.
Que coisa não? Fora da bíblia o negócio já fica melhor para o Todo-poderoso, pois o Diabo equilibra as coisas: o nazismo matou cerca de 40 milhões de pessoas, e o comunismo, que também é atribuído ao Capeta (pois só ele treinaria seus súditos para comerem criancinhas), matou cerca de 100 milhões. Bom trabalho de Stalin e companhia não? A inquisição matou 9 milhões. Pra mais.
Assim sendo, o diabo tem 140 milhões e dez mortos enquanto Deus passa longe, com 41.270.333. Mas só? Como Deus é incompetente não? Daí surge um dilema: a inquisição matava em nome de Deus não? Pois é, Hitler também. Sim, pois afirmava que Deus só havia criado uma raça pura, que eram os próprios Chucrutes, e que todas as outras já eram. Então podemos também atribuir a God os 40 milhões do nazismo? Ou ao Demo os 9 da inquisição? Não sei. Só sei que de um jeito ou de outro, todas essas mortes tem um objetivo comum: livrar o mundo do mal. Pfrrr. É visível que todo combate ao mal gera outro mal, muitas vezes muito mais rigoroso e inflexível.
E as catástrofes naturais? É a Terra tentando se livrar das superpopulações e ter um pouco de espaço para ela mesma? Como dizia Raulzito “O planeta como um cachorro eu vejo, se ele já não agüenta mais as pulgas se livra delas no sacolejo”. E quem teoricamente criou a Terra? Isso. Deus. Sim, a culpa é nossa, que desmatamos, poluímos e blá blá blá, mas ele bem que poderia ter pensado nisso antes. Ou não conhece os próprios filhos? É incontável o número de mortes causadas por estas catástrofes, incluindo os pobres dinossauros.
Enfim, todos tem sua parcela de culpa nas mortes, mas o responsável por cuidar de equilibrar as coisas é Deus, então ele é o principal responsável. Claro que o fato de eu estar, neste exato momento, ouvindo Rolling Stones pode ter pesado as coisas um pouco a favor do Diabo, tornando este relato um tanto parcial.
E o número de tementes a Deus continua crescendo. Com toda a razão.

sexta-feira, 30 de maio de 2008

Genial



Resolvi criar essa minha "releitura" da música tema do filme Titanic por que, primeiramente, venho notando que o meu talento como compositor não vem me rendendo bons frutos. Segundo por que tenho a certeza que essa versão é muito mais carregada de emoção que a de Celine, o que fará com que o número de pessoas com lágrimas nos olhos seja muito maior (cerca de 32 vezes) do que o das que ficaram ao fim do filme. Outro fator que pesou muito em minha decisão foi a minha notável superioridade em matéria de técnica vocal com relação à antiga intérprete. Talvez seja a hora de mostrar a esses músicos xinfrins como é que se canta de verdade estes temas de filme. Quem sabe uma série venha por ai. Veremos.

Em bom inglês, absolutely out of the little house, hehe.

terça-feira, 20 de maio de 2008

Sorry

Desculpem pelo jorro (sem duplo sentido) de besteiras sem nexo do texto abaixo. Não sei o que me aconteceu. bom, sei lá. Hasta luego.

segunda-feira, 19 de maio de 2008

Pura Filosofia

Às vezes fico pensando em sexo (às vezes?). Não, não em sexo simplesmente, mas sim nas questões filosóficas que o envolvem. Por que, ao contrário do que muitos pensam e diferentemente da forma que muitos agem, sexo não é um simples “foder”, ou copular, ou uma troca de secreções estimulada pela penetração. Não. É um ritual que envolve amor, entrega, paixão, medo, às vezes repulsa, raiva, ou seja, é o momento sentimentalmente mais completo que uma pessoa pode ter.
Exemplo: Tua namorada te traiu com o teu melhor amigo (clichê). Você decide se vingar traindo ela com a melhor amiga dela. Acontece o seguinte: o teu amigo até que é boa pinta, mas a amiga dela é do tipo que você diria “Eu não comeria ela nem com o seu pau”. Mas você não é de desistir assim no primeiro obstáculo. Não. Você come. E no durante é que você é inundado por esse turbilhão e sentimentos: a raiva da namorada, a entrega um tanto forçada, a repulsa por estar fazendo aquilo com uma mulher que não deseja, e a repulsa moral por ser mesquinho a ponto de fazer este tipo de coisa.
Ou pode acontecer o seguinte: a melhor amiga da tua namorada é a gata que tu sempre sonhaste, e ela só não te dava bola por causa da tua namorada. Mas agora, depois dela ter feito essa puta cachorrada... essa transa será exatamente o oposto da outra: terá a ternura, o desejo, felicidade, talvez até uma posterior homenagem ao teu amigo, por ter conquistado a tua namorada. Um beijo em público na boca dele, sei lá. Talvez conseguindo uma noite em um motel de luxo com 3 travecos e um jogador de futebol...
Porém acho que uma coisa (também clichê) é indiscutível: com amor é muito melhor. E a medida deste sexo com amor pode se dar, pelo menos na minha condição de “homo cabeçus de merdum”, pelo fato de não querer virar pro lado e dormir logo depois. Como é que pode, né? O cara tenta filosofar tanto sobre foder e define o amor de uma forma tão fútil e sem compromisso! Lamento, mas é assim. Nunca (nunca!!!) fiquei com vontade de dormir depois de uma transa amorosa. Fico durante. Brincadeira, mas quando é um sexo sem objetivo que não gozar, caio no sono logo em seguida. Sad but true. Diogo Portugal diz “isso é uma coisa que nunca vou fazer, foder, virar pro lado e dormir. Mesmo por que se eu faço isso a puta rouba tudo que eu tenho”.
E o medo de falhar na hora H? Existem situações em que a simples descoberta de um fóssil de uma espécie de ornitorrinco comedor de ostras no sul do Afeganistão tem mais efeito sobre seu pênis do que qualquer estímulo afrodisíaco. Ele simplesmente não se conforma com o fato. Pronto. E quem é você pra discutir com a cabeça pensante da dupla?
Enfim, é assim. Sexo tem seus prós e contras, embora eu não tenha achado nenhum contra digno de um mínimo de atenção. E duvido que alguém ache.

segunda-feira, 12 de maio de 2008

Rinite

Tenho uma rinite alérgica do cão. Não, não é alergia a pelo de cachorro. É rinite forte mesmo. Do tipo que os sintomas não te deixam de cama, mas te irritam tão profundamente que só o que você tem vontade de fazer é não sair dela.
O primeiro e pior sintoma é o nariz entupido e escorrendo. Como é possível isso? Não entra nada, absolutamente nada de ar nele, porém a saída de água equivale ao volume de água que corre em umas duas horas nas Cataratas do Iguaçu. A vontade é de enfiar um O. B. em cada narina, já que construir uma represa está fora de cogitação. Verbas. Falta delas.
O segundo também está relacionado com água: lágrimas. Os olhos lacrimejam como se eu tivesse visto toda minha família morrer a petelecadas (petelecadas?) amarrado sem poder fazer nada para ajudar. Petelecadas do Shaquille O’ Neal. Tá bom, um pouco menos dramático, mas são muitas lágrimas mesmo. E não tem espaço para colocar O. B.s.
Terceiro, mas não menos importante/irritante: a dor de cabeça. Não é uma dor de cabeça como as demais, as de gripe mesmo, em que toda a cabeça dói. Não. Essa dor é uma peregrina. Percorre a sua cabeça como o Paulo Coelho em Santiago de Compostela, só que sem nenhuma lição, milagre ou auto-controle. A dor começa encima do olho. Fica por ali por cerca de meia hora. Depois vai pra trás das orelhas. Depois de mais um tempo, como se tivesse esquecido a carteira, volta para cima do olho. Depois ela aparentemente desaparece dando, aos não iniciados no Círculo da Rinite, a impressão de que está tudo bem agora. Quanta inocência. À primeira mexida de cabeça seu cérebro pulará como um Pogobol. E, como num jogo de Pinball, as extremidades de seu crânio, inexplicavelmente, impulsionarão o cérebro para outro lado, onde as outras extermidades retribuirão o impulso, e assim vai. Milk-shake de idéias.
Também tem o problema dos tratamentos. Segui alguns à risca e foram totalmente ineficazes. Acho que tenho uma rinite geneticamente modificada. Talvez dela saia algum monstro que dominará o planeta num futuro próximo. Ou talvez minha corisa seja a cura para a aids. Já pensou a responsabilidade, milhões de vidas dependendo do meu nariz? Duvido muito que alguém que servir de cobaia. Uma assoada de nariz na mão e pronto: tchau HIV.
Enfim, estou fadado a viver fanho e com o nariz escorrendo. A indústria de lenços agradece.

OK Coração

Gostaria de ter o dom de mostrar ao coração quem é que manda. Mas não tenho. Gostaria que ele me olhasse com respeito, e não com o desdém de quem sabe que pode fazer o que quiser sem medo de reprimendas. Afinal, sou muito apegado a ele.
Quase toda pesquisa científica que trata das sensações diz que o cérebro libera alguma substância para que o corpo sinta dor, ou frio, ou outro tipo de coisa, mas o coração não só é imune a estas substâncias, como ele envia as próprias, uma enxurrada emocional que deixa o cérebro sem saber o que fazer e, conseqüentemente, o resto do corpo fica também entregue à sorte. Ou ao azar.
Enfim, era só o que eu queria dizer. Que respeito o coração pois sei, sem sombra de dúvida, que é ele quem manda.

quarta-feira, 7 de maio de 2008

Confissão

Padre, dai-me a vossa bênção pois pequei. E muito. Pequei muito pela gula. Sim, muito mesmo padre. Muito pela preguiça também. Muito, muito. Pela luxúria sempre que podia. Não que eu podia, que elas podiam. Eu sempre podia. Pela ira também. Um pouco menos por avareza e soberba, mas mesmo assim ainda tive minhas recaídas. Porém não é por estes pecados que venho me confessar padre, pois esse pecados eu já cansei de contar pro senhor (e pro Senhor). Acontece que, não bastassem esses, tem mais sete para me serem debitados na entrada do céu!
- Experimentos “moralmente dúbios” com células-tronco: Confesso padre, que vendi algumas dezenas de embriões para este tipo de pesquisa. Não me pergunte quem são meus fornecedores, padre. Reserva de mercado. Aliás, nem sei se isto é pecado, afinal não fui eu quem realizou os experimentos “moralmente dúbios”, foram meus clientes.
- Uso de drogas: Também padre. Sim, usei, e não me olhe com esse ar de reprovação. Eu juro que fui a um único show de pagode. Um só.
- Poluição do meio ambiente: Só um pouco. Um papelzinho aqui, uma latinha ali, um chiclete acolá. Mas também, será que as igrejas dão um destino ambientalmente adequado aos resíduos espalhados pelo chão das festas de seus respectivos padroeiros? Ah, padre, confessa vai... Tá bom, tá bom.
- Agravamento da injustiça social: Culpado padre. Nesse também tenho minha parcela de culpa. Tenho ficado cada vez mais pobre enquanto os outros ficam cada vez mais ricos. Sou um dos principais responsáveis por esse fenômeno.
- Riqueza excessiva: Esse pecado eu ainda pretendo cometer algum dia padre. O Papa senta em sua cadeira toda de ouro e eu é que sou pecador por querer alguns milhões de euros? Não, padre, não quero saber, não pagarei penitência por esse pecado. Padre, eu não quero brigar com o senhor, nem com o Senhor, mas puxa...
- Geração de pobreza: Culpado. Votei nas eleições passadas.
- Violações bioéticas como, por exemplo, controle de natalidade: Desculpe, padre, mas depois do trigésimo quarto filho fui obrigado a usar camisinha a cada 5 relações sexuais, pois sabe como é, escolas caras, pouco dinheiro, só 2 quartos na casa, etc. E quanto ao aborto, eu juro padre, que a menina caiu da escada sozinha.
Então, era isso. E a minha penitência? Só? Então tá, padre, mas você quer um garotinho de até que idade? Bom, não garanto, mas vou tentar...

sexta-feira, 2 de maio de 2008

Futebol?

Agachados: Chargenaldo; Willian "Ai meu pé" Floquinho.
Em pé:Ângelo "Fast Hands"; Zé Gota "Eu" e Suporte "Big Foot Troço".

O mundo do futebol é uma terra estranha, cheia de alegrias, tristezas, paixões e surpresas. Quando o nosso time ganha, pelo menos por um dia parece que todos os problemas do mundo desapareceram. Quando o time perde, bate a tristeza e a certeza de que de que todas as chacotas de seus amigos já tem um alvo definido. Você.
Um amigo meu afirma, com toda a certeza, que um dia, não tão longe, talvez aos 40 ou 50 anos, terá um infarto assistindo a um jogo do seu time. E quem está livre disso? A tensão gerada pela expectativa de uma vitória é algo inexplicável. Não existem unhas suficientes para contentar nosso ímpeto deveras inútil de torcida e sede de vitória. Às vezes o que mais deixa o torcedor indignado é o fato dos jogadores do próprio time não disporem dessa mesma sede.
E as surpresas do futebol? Há coisas que ninguém explica. Por exemplo, como o Palmeiras, apontado por muitos como o melhor time do Brasil na atualidade, foi cair vergonhosamente diante do Sport pelo deprimente placar de 4 a 1? Como? Um time cheio de estrelas e comandado por um dos maiores técnicos do mundo é desclassificado da Copa do Brasil por um time que tem, como principais referências Romerito e Carlinhos Bala, uma espécie de miniatura do Chico César? Os cricris dirão que estou “puxando sardinha” para o meu time, o Palmeiras, então cito outro exemplo: a goleada de 4 a 0 que o antes desconhecido Zenit, da Rússia, aplicou no poderoso Bayern de Munique, indiscutivelmente um dos mais fortes times do mundo na atualidade. Como explicar a vitória do Inter sobre o Barcelona na final do mundial interclubes de 2006, com gol de Adriano Gabiru e Ronaldinho Gaúcho parando na marcação do Ceará? E a Argentina? Quem explica a Argentina perdendo a Copa América num 3 a 0 vexatório contra um Brasil totalmente desfigurado? E como ela figura sempre em posições melhores que as do Brasil nos rankings de seleções da Fifa, mesmo a 22.417 anos sem ganhar sequer um título?
O que eu posso afirmar é que esse fim de semana pode ser considerado o Dia da Úlcera para os torcedores dos quatro cantos do Brasil, com as finais dos mais importantes estaduais. O que, aliás, aqui em Criciúma, vai movimentar a cidade por conta da final do catarinense. O Criciúma joga com uma pequena desvantagem por ter perdido o jogo em Florianópolis por 1 a 0, mas nada que não seja passível de reversão. Enfim torcedor, torça em casa ou no estádio, sofra, fique tenso, comemore, mas tudo sem violência, gás de pimenta e, principalmente, bombas. E que vença o melhor.

quinta-feira, 24 de abril de 2008

Desabafos Gélidos

Há ocasiões em que surgem palavras e frases, porém é um grande problema conecta-las. Já é um problema saber por onde começar. As coisas que precisam ser expressas precisam sê-lo da maneira mais sincera possível. Há a sinceridade impessoal de um telefonema; ou a sinceridade manipulada por olhares tristes, ou insinuantes, de uma conversa cara-à-cara; porém me parece mais sensato ceder à inocência da caneta deslizando sobre o papel.
É bom começar dizendo que é possível que até mesmo uma estátua de gelo tenha sentimentos. Ela não os expressa. Apenas espera que o tempo traga um sol que lhe transmita o calor necessário para se derretida, extinguindo assim o pesar sentido.
De vez em quando essa estátua se sente caindo. Como folhas no outono. Ela espera que a queda não dure toda uma estação, espera que logo surjam flores desabrochando ao longo do caule, e que a planta receba a clorofila para que as folhas fiquem verdes como as das demais árvores.
Uma estátua de gelo sabe quando duas pessoas vivem intensamente a pureza de pecados inseguros. Percebe que não se sente à vontade dizendo eu te amo, pois não entende o amor. Talvez nem o conheça. Contudo, nota quando sente com uma intensidade apta a perfurar-lhe o peito.
Quando se sente insegura, a estátua acha essa insegurança perfeitamente normal, pois sabe que a sapiência extingue a pureza do coração. Sabe que quando julgamos conhecer as respostas, vem alguém e muda as perguntas.
A estátua também teme que o amor não seja recíproco. Que o medo não seja recíproco. Que a insegurança, a aversão às grandes distâncias, a instabilidade emocional, que tudo não o seja.
Torce a estátua para que a pessoa amada, ao ler estes pensamentos soprados com tinta no papel, compreenda que a estátua sentiu muito intensamente. É triste usar verbos no passado, porém a mente não engana a caneta e o papel, que conhecem a impressão que uma conversa e uma partida deixam.
E, principalmente, a estátua acredita já ter perdido. Escreve mais como um desabafo do que como uma tentativa de recuperar o amor e a confiança que lhe eram oferecidos. Lamenta não ter tido a chance, ou a coragem de dizer “OK, a modernidade também nunca me atraiu, voltemos ao passado.”


À pessoa que me causou tamanha aflição, mas que hoje me propicia a mais plena felicidade.

Notícia Em L.M.

João sofreu um acidente de moto. Foi para o hospital, fraturou dois dedos da mão. Marcos, que estava com ele de carona no acidente, não sofreu nenhum arranhão, e foi liberado para ir embora. Já na saída do hospital encontrou Maria, e relatou:
“O João? Está bem, quebrou só dois dedos.”
Maria, por sua vez, falou pra Cris:
“Não foi nada não, quebrou só o braço...”
A Cris falou pro André:
“Fratura exposta, na perna e no braço, perdeu muito sangue, sabe como é...”
André pra Tina:
“Hi, o João? Tá na UTI, traumatismo craniano!”
Tina pro Paulo:
“Morte cerebral. Vão doar os órgãos e...”
Assim a notícia chegou ao ouvido da mãe do João:
“Eu lamento dona Joana, mas aconteceu.”
Doze horas depois, de alta, João chega em casa.
“Oi Mãe.”
“Oi querido... já comprei um caixão bem lindo, o velório é amanhã.”
“Que velório mãe?”
“O seu!”
“Mas mãe, eu não morri!”
“Não tente me consolar, meu filho...”

sexta-feira, 18 de abril de 2008

A boa e velha Burrice

Ultimamente venho sendo obrigado a reavaliar o conceito de burrice como eu conhecia, se não o conceito, pelo menos o limite entre burrice e inteligência. A linha tênue da burrice vem sendo transposta com cada vez mais freqüência pelo ser humano, e acho que isso é conseqüência de nossa vida fast-food onde se faz tudo antes de pensar, pois quem pode pensar e pagar as contas ao mesmo tempo?
Em São João Batista, na chamada Grande Florianópolis, uma menina de quatorze anos foi estuprada e morta, o corpo tendo sido encontrado nesse último sábado. Sabe quem estuprou ela? Um adolescente de quinze anos. Quinze! Mas isso não foi estupidez, foi filha-da-putice mesmo. A burrice foi a seguinte: o imbecil deixou apenas dois objetos no local que em nada poderiam compromete-lo: o boné e a cueca. Deixou o boné e a cueca com que razão meu Deus? Talvez a mãe dele achasse a cueca suja de sangue e o boné de terra e lhe desse uma surra. Coitado. Triste vai ser o destino dele agora, que provavelmente sofrerá umas dezoito vezes mais que a pobre menina no “Centro de Recuperação” para onde será mandado. Sofrerá, claro, caso viva para tanto, ou caso seja condenado para tanto.
A seqüência da burrice começa agora. Sabe quanto tempo o Filho-da-putinha ficará preso caso seja condenado? No máximo três anos. Culpa do nosso Ilmo. ECA, que prevê essa pena máxima para adolescentes que cometem este tipo de crime. Façam as contas: quinze mais três? Dezoito. Com dezoito anos ele estará de volta à liberdade, com o saldo negativo de algumas pregas e milhões de parafusos, esses sim ficarão na cadeia. Desculpem, cadeia não, “Centro de Recuperação”. E com uma ampla bagagem técnica para crimes que queira vir a cometer.
É uma burrice o ECA dar esse tipo de benefício a quem comete crimes tão hediondos quanto esse. Isso dá a liberdade aos adolescentes para cometeram seu crimes e saberem que logo logo estarão de volta à ativa, bem com para proteger comparsas com mais de dezoito anos, pois esses sim pegariam uns bons anos de cadeia. O ausência do medo de permanecerem por mais algum tempo encarcerados os torna livres pra cometerem esse tipo de barbárie. É preciso impor a eles um limite que deveria já lhes ser imposto de berço, pois acredito que os pais tem sua parcela de culpa neste tipo crime.
Que fique claro: não sou a favor da redução da maioridade penal, nem da pena de morte, nem nada disso, bem como também sei que os pais deste rapaz não o criaram para fazer este tipo de coisa, mas que tanto a família quanto o famoso “sistema” têm suas parcelas de culpa, disso não tenho dúvida.
Mas, no final de tudo, a culpada é a boa e velha burrice, que neste caso é capaz de fazer um pouco de justiça. Só um pouco.

quarta-feira, 9 de abril de 2008

Ode

Costumo muitas vezes criticar o cinema de hoje e, acima de tudo, os diretores de cinema, pelo excesso de efeitos especiais, tanto visuais como sonoros, e a falta de apego em coisas na minha concepção mais interessantes, como o roteiro, a fotografia e a atuação dos atores. Pois para que precisamos de um roteiro com diálogos geniais se temos o Homem-aranha se pendurando entre os prédios e matando vilões malvados? Ou que fotografia é melhor do que Brad Pitt e Angelina Jolie casados, espiões e tentando matar um ao outro?
Bom, na verdade, entrei no assunto não para fazer críticas, mas sim uma quase ode. Ode ao diretor mexicano Guillermo Del Toro. Por ele, mesmo depois de ter dirigido lixos cinematográficos como Blade 2 e Hellboy (alguns argumentarão que os dois são, no mínimo, bem dirigidos, aos que pensam assim vide primeiro parágrafo), dirigir os dois filmes mais belos e emocionantes que vi nos últimos anos: O Labirinto Do Fauno (2006) e O Orfanato (2008).
O Labirinto Do Fauno é como um conto de fadas com um tema extremamente adulto: uma menina tenta realizar seus sonhos de conhecer os imaginários pais e ser princesa no reino deles por meio de tarefas que lhe são impostas pelo Fauno, tudo isso enquanto por fora corre um intrigante jogo revolucionário da época da ditadura de Franco na Espanha. Sem falar na união de uma fotografia que enche os olhos, um roteiro com diálogos que enchem os ouvidos e a atuação da menina Ivana Baquero, no papel de Ofélia, que enche o coração de esperança e alegria. E pode juntar à mistura um dos piores Generais que uma ditadura poderia nomear (padrasto de Ofélia), capaz de crueldades que só assistindo ao filme pode-se crer.
Já O Orfanato é um suspense-terror-drama que beira à insanidade. Uma mulher se muda, com marido e filho, para o orfanato onde foi criada, para criar seu filho e ajudar outras crianças que não têm onde viver. Porém esse orfanato possui crianças que atormentam as demais crianças que por lá chegam. A partir daí corre uma trama surpreendente e um final que, digo sem a menor vergonha, me fez chorar. Isso mesmo. Um suspense que leva espectador às lágrimas. Coisa rara não? Alguns já haviam me feito chorar tamanha a emoção e beleza, como A Lista De Schindler e Coração Valente, agora nunca um suspense... Nunca!
Mas o melhor dos dois filmes é uma combinação presente em ambos: a inocência das crianças em meio a um filme de conteúdo mais do que adulto. A menina sonhando com seu reino em meio à mais ferrenha ditadura no primeiro e o menino em meio ao dilema da vida e da morte, com o HIV para dramatizar ainda mais o tema lindamente abordado. Ah, e não esperem, de modo algum, um final feliz imbecil e clichê. Os finais podem são surpreendentes e emocionantes, mas não felizes. Apenas o espectador fica feliz depois de ver esses que serão pra mim, sem dúvida, verdadeiros clássicos do cinema.
E, o melhor, mandam uma bela banana para Hollywood e seus efeitos especiais.

sexta-feira, 4 de abril de 2008

Mais Frases

Palavras às vezes se encontram de forma surpreendentemente genial ou surpreendentemente (odeio como soam essas palavras que já terminam com “ente” e que, por uma destas peças que a língua insiste em nos pregar, somos compelidos a somar mais um “ente” no final) imbecil nas frases. O pior de tudo é que, é claro, as palavras se unem justamente para dar sentido as frases, porém é este sentido que de vez em quando falta a elas.
Um exemplo é o trecho de uma música dos Natiruts, que diz “Mas o carcará foi dizer pra rosa que a luz dos cristais vem da lua nova e dos girassóis”. ????????. Desafio alguém a encontrar um sentido para esse jorro de palavras sem nexo, típica deste pop reggae tosco-chapado que impera nos dias de hoje. Qualquer um. E digo mais, alguns argumentarão que com certeza o resto da letra dá algum sentido ao trecho. Não dá. Façam o teste, o desafio está lançado.
Porém algumas frases têm um impacto que beira a genialidade. O Analista de Bagé diz que é freudiano “mais ortodoxo que caixa de maizena”.
E existe algo mais ortodoxo?
Já busquei nos mais escuros porões de minha mente alguma, mesmo que remota, lembrança de uma caixa de maizena que não seja aquela amarela, com a foto do Sr. (ou Sra.?) Quacker do lado e uma receita “de vó” atrás. Aliás, se lançassem maizena em caixas de outra cor seria o caos. Os bebês veriam sua mãe preparando seu mingau com uma maizena de caixa, digamos, vermelha, e diriam:
- Buááááááááááá...
Mas pensariam:
- Que é isso? Acabaram com o monopólio da maizena amarela? Eu não vou tomar esse mingau. Não. Mãe, eu não quero brigar com a senhora...
Há aqueles momentos em que não só as palavras rabiscadas num papel entram para a história, como também seus autores, na maioria das vezes devido à própria frase. Getúlio Vargas teria ocupado muito menos papel nos livros de história não fosse a célebre “Saio da vida para entrar na história”. Claro que essa frase precedeu um tiro na cabeça, mas garanto que ela causou muito mais impacto (não na cabeça dele, claro).
Ou o que seria de Arnold Schwarzenegger sem o clássico “hasta la vista, baby”? Ele teria passado meses em depressão tentando assimilar o fracasso de Conan e tentando recuperar a forma física para ser eleito Mister Universo mais algumas vezes, porém sua carreira de “ator” estaria arruinada e, consequentemente (“ente” + “ente”, de novo), também sua carreira política, se é que ela chegaria a existir.
Carla Perez, não fosse o “I, de iscola”, talvez apresentasse um programa qualquer sobre futilidades como os da Adriane Galisteu e da Luciana Gimenez em uma emissora de grande porte, o que não faria diferença alguma ao telespectador.
Algumas frases me despertam uma inveja tremenda, e não a chamada inveja boa. A ruim mesmo. Dá vontade de matar os autores, limpar todos os registros e reescrevê-las recebendo todos os créditos. Ex.: “Na matinê morro de tiro ou de tédio, se Deus morreu quem é que vai me enterrar?”, “tenho 25 anos de sonho, de sangue, de América do Sul, por conta deste destino um tango argentino me cai bem melhor que um blues”, “os dias parecem séculos quando a gente anda em círculos, seguindo ideais ridículos de querer lutar e poder”, “meus amigos parecem ter medo de quem fala o que sentiu, de quem pensa diferente, nos querem todos iguais, assim é bem mais fácil nos controlar, e mentir, e matar o que tenho de melhor: minha esperança”.
E, pra encerrar, fica uma para que vocês reflitam e, se possível, apliquem em situações cotidianas:
“Zum zum zum zum zum baba, zum baba, zum baba/ Tava na avenida com você/ Tava esperando Maimbê/ Maimbê, Maimbê bamba”.

domingo, 30 de março de 2008

Revelações


Joe descobriu que havia chego ao limite quando o sangue de seu pulso coagulava no chão e ele, lenta e melancolicamente, perdia os sentidos. O bisturi jogado no canto da câmara escura refletia a luz vermelha do pequeno recinto onde revelava suas fotos. Onde revelava amores, mortes, traições, cumplicidade, medo, êxtase. A luz refletida no bisturi dava-lhe a impressão de estar ficando cego, surdo, mudo, louco. A cor que se esvaia de seu rosto não lhe era vista, mas sim percebida pelo formigamento na face e o branco na mente. As revelações haviam finalmente vencido.
O amor se revelou à primeira vista, já na faculdade, quando fotografara a menina-mulher mais linda que uma lente já ousou focar. O produto de um rosto forte, decidido e perfeito, um corpo curvilíneo único e natural, os lábios repletos de promessas de prazer e amor eterno e, completando a perfeição, os óculos de aros grossos delineando com ainda mais perfeição as maçãs do rosto altas e rosadas, como se tanta beleza forçasse-as a enrubescer diante dos olhares admirados e apaixonados.
A dor se revelou logo ao primeiro não. Ao primeiro não gosto de você, não quero magoá-lo, não podemos ser nada mais que amigos, não diga que me ama, não, não, não. Aumentou aos sins. Sim, estou namorando, sim amo ele, sim estou grávida, sim vou me casar, sim quero que você vá. A rejeição impunha a ele uma dor que nunca havia sentido, e que sabia que nunca mais iria sentir.
O ódio se revelou ao primeiro beijo. O beijo roubado no dia do casamento, o tapa na cara, o pedido para que vá embora, que não volte, que não a procure mais. Ele, que achava que um beijo talvez a trouxesse de volta à realidade, foi submetido a uma dose de realidade que mostrava, sem eufemismos ou ombros amigos, que ele era carta fora do baralho, se é que havia entrado no jogo. Ela era um coringa que sorte alguma o deixaria comprar.
O desespero se revelou ao primeiro tiro. Os pedaços do coração da amada dilacerados pela pequena cápsula de metal disparada do objeto de redenção de seu orgulho, de sua paixão, de sua loucura. O corpo caído esfriando em suas mãos levando-o ao desespero de saber que aquele corpo não mais estaria quente ao seu lado, que nada devolveria o calor que outros provaram, mas que ele nunca teria o conhecimento de como era. De que ele não mais ouviria sua voz declarando que a vida era maravilhosa e que valia a pena fazer tudo para viver e amar.
A paz se revelou ao primeiro corte. O primeiro corte vertical no pulso esquerdo revelou o sangue que ele havia decidido que não voltaria ao coração. O jorro de sangue levava com ele todos os sentimentos que haviam se revelado junto com aquela foto e a utopia romântica que já há algum tempo definhava e sucumbia à desilusão. Cada gota de sangue que agora coagulava tratava de levar junto um pensamento, um pecado, um resquício de sanidade, até que não houvesse mais nada o que coagular.

quinta-feira, 27 de março de 2008

Live or Die, Make Your Choise

Dizem que a vida se resume às oportunidades que temos e às decisões que tomamos diante delas, porém não eu definiria assim. Acho que a vida se resume às decisões imbecis que quase sempre tomamos. O mundo é rodeado por elas, as decisões imbecis. O ser humano tem por princípio optar pela estupidez.
Por exemplo, eu, deveria ter optado por não aceitar o emprego de mineiro, e sim, como muitos insistiram para que eu fizesse, seguir a carreira musical, pois com meu talento e sex appeal o sucesso era iminente. Claro que a experiência obtida na mina me levou a escrever o Manual do Mineiro da Luz, que em longo prazo me renderá alguma notoriedade pela repercussão do livro, porém só em longo prazo.
Outra escolha terrivelmente infeliz é um trecho de música colocado no comercial do álbum Intimidade, de Oswaldo Montenegro, onde se diz “E atrás tem alguém que virá, que virá, que virá” e que, ouvindo a música inteira, percebe-se que não há maldade alguma neste refrão,tratando-se de um relacionamento que acabou e que logo virá alguém para substituir o antes amado. Porém ouvindo apenas o trecho do comercial, ele deixa uma grande margem para interpretações de duplo sentido. A música tem trechos lindos, como “olhe bem nos meus olhos/ olhe bem pra você/ o fato é que a gente perdeu toda aquela magia”, mas é claro que os criadores da propaganda tinham que fazer alguma escolha ruim.
Mais uma opção péssima, aliás uma não, duas: as que Zagallo fez na final da copa de 98, contra a França. A primeira foi colocar Ronaldo, o Fenômeno, em campo depois de ter um ataque epilético no vestiário minutos antes do jogo. Ronaldo ficou se arrastando em campo enquanto Edmundo, naquela época “comendo” a bola, ficou no banco. Outra decisão errada dele foi não mandar quebrar a perna de Zidane antes dos 5 minutos de jogo. Poderia mandar o próprio Ronaldo lhe dar uma entrada mais forte, assim Zidane, que fez dois gols no jogo e acabou com zaga brasileira, sairia machucado e Ronaldo seria expulso, o que não faria diferença nenhuma, pois ele não jogou nada mesmo. O saldo destas duas decisões erradas foi uma vergonhosa derrota por 3 a 0 e a decepção geral da nação, pois Zagalo tinha nas mãos uma das melhores seleções brasileiras que já vi jogar.
O Baiano fez uma péssima escolha ao matar o Neto. O Coiote faz muito mal em tentar pegar o Papa-léguas e as ovelhas que aquele cachorro com o cabelo na frente do olho cuida. Arius se arrependeria até hoje de ter seqüestrado e filha de John Matrix (Schwarzenegger) em Comando Para Matar, se estivesse vivo para isso. Alguém fez muito mal ao dizer que o Tuta poderia jogar futebol. Muitas pessoas fazem muito mal ao torcerem para times que não são o Palmeiras. Os sobreviventes de Lost devem se culpar até hoje por terem caído naquela ilha, e não na de A Lagoa Azul, com uma loira nua o tempo todo ao seu lado. E sem “os outros”. Neo não deveria ter escolhido a bolinha vermelha em Matrix, isso lhe pouparia muito tempo e esforço. E talvez assim não tivessem feito os outros dois filmes da trilogia.
Enfim, estamos condenados a escolher a pior opção, da pior forma e na pior hora possível.

domingo, 23 de março de 2008

A Reunião

A caravana dos leprosos chegou no ponto de encontro quase uma hora antes. Medo de possíveis imprevistos que levassem a um atraso. Uma mão caída ali, uma orelha acolá. Genitais masculinos demandavam mais tempo pois ninguém ousava juntar. Seios também, pois todos queriam juntar.
Os magos chegaram em seguida, sem muito esforço. Abracadabra, temos uma carruagem para nos levar, alacazan, chegamos. Os alquimistas traziam chumbo para, caso precisassem de dinheiro, transformar em ouro. Ilusionistas traziam elefantes, apenas para terem algo para fazer desaparecer, acho. Algo de impacto. Pombos e coelhos tramavam, nos bastidores, um conluio para que os elefantes soubessem novamente quem é que manda.
Os políticos também vieram. Parlamentares, imperadores, ditadores, democratas, republicanos. E vereadores. Os lobistas garantiam que o circo iria pegar fogo. Nero viria. Só Saddam Hussein não veio. Problemas respiratórios. Dizem. Lula, Chavez, rei Juan Carlos. Todos vieram. Grande caixa dois. Por pouco tudo não teve que ser cancelado. Falta de verbas. Dizem.
Emos vinham chorando. Alguns por terem sido obrigados, por seus pais, a virem. Outro pela morte da mãe do Bambi. Outros por quererem ser o Bambi “temos tanto em comum”. Até a franja é parecida.
Merlin dá início à reunião, pedindo aos políticos isenção fiscal para que novos magos possam se estabelecer e viver razoavelmente pois, como sabem, são tempos difíceis. Lula afirma que pode ser difícil convencer o senado e a câmara. Chavez diz que isto é coisa dos mercadores sanguessugas de Satã. Estados unidos. Juan Carlos: Por que no te callas?
O líder dos leprosos toma a palavra, exige que os alquimistas desenvolvam um elixir da união da carne, ou dos pedaços de carne, ou dos membros soltos, ou algo do tipo. Merlin afirma que, com estes impostos, não dá. Os leprosos, revoltados, lançam seus dedos do meio contra os magos. Um dos dedos acerta o olho de um elefante, que corre assustado a esmo, esmagando dezenas de reunidos. Os emos choram. Merlin, revoltado com o choro desgarrado deles, os transforma em Bambis. Felicidade geral entre os emos. Lula tenta acalmar os ânimos, dizer que a economia vai bem, que o poder aquisitivo do povo nunca foi tão alto, que nunca houve um mercado de trabalho tão amplo, mas já é tarde, Nero já ateou fogo em tudo.
E viveram felizes para sempre. Dizem.

quarta-feira, 19 de março de 2008

A Música

Já há algum tempo decidi parar de discutir, com amigos ou com outros nem tão amigos assim, sobre música. Decidi parar com isso quando descobri que não há como delimitar o bom gosto musical. Podemos apenas tentar impor o nosso gosto musical argumentando que esse, sim, se trata de bom gosto musical. Mas é claro que poucos irão concordar conosco. Porém é possível, sim, delimitar um bom senso musical, o que me parece até muito fácil.
Por exemplo, como alguém pode afirmar que tem bom senso musical quando ouve, com um volume altíssimo, o clássico dos boleiros de hoje, o Créu. Como? Alguns argumentam que é bom para dançar. Plllrrrrrrrr (ruído de desdém)! Então eles gostam muito de dançar enquanto dirigem, ou conhecem alguma técnica de dança interior, que os faz terem uma satisfação interna enquanto ficam sentados quase que imóveis numa mesa de bar. Talvez o principal atrativo seja a diversidade de créus da música. Começamos agora com o Crrréééééééuuuu, crrréééééééuuuu, agora mais rápido créu créu créu créu créu, agora coelho cr cr cr cr cr cr. Inexplicável! Duvido que exista algum sentimento ligado a essa música, exceto, talvez, a compensação da falta de créus em suas relações amorosas.
Outro motivo pode ser o fato de não terem sentido o que uma música de verdade pode proporcionar. Talvez ao sentirem a alternância de paz e tensão nos vinte e poucos minutos de Echoes, do Pink Floyd, eles esqueçam do créu, e lembrem do céu. Talvez eles não queiram paz, mas sim adrenalina, então que tal ouvirem Smell Like Teen Spirit, do Nirvana, ou Enter Sandman, do Metallica, e descobrirem o arrepio empolgado que seus riffs iniciais causam. Talvez quando eles ouvirem a total (total!) perfeição de Staiway to Heaven, do Led Zeppelin, eles tenham a grande revelação de que sim, existe um Deus, pois não é possível acreditar que réles mortais sejam capazes de criar tal maravilha. Ou até, ficando no Brasil mesmo, eles precisem sentir o furacão emocional que passa pelo nosso corpo quando ouvimos algum grande clássico da Legião Urbana, ou a sensação de até esclarecimento universal ao ouvirmos as letras reveladoras de Humberto Gessinger e Raul Seixas. Ou a sensação que poderia ser descrita ao ouvirmos mais dezenas de bandas que poderiam ser aqui citadas.
Então que o bom senso prevaleça. Quer ouvir samba? Ouça Demônios da Garoa, não Inimigos da HP. Quer ouvir funk, ouça funk, como o de Frank Zappa e Jorge Benjor, não essa batida sem nexo que alguns imbecis tiveram a petulância de chamar de funk. Reggae, ouça Bob Marley, não Chimarruts ou outros destes insultos musicais tocados em rádios. E, antes de tudo, prezem pelo bom senso, pois tendo isso, com certeza o bom gosto está garantido. Concordem ou não, tenho dito.

sábado, 15 de março de 2008

Strange Days


Jim Morrison cantou certa vez: Os dias estranhos nos acharam/ Os dias estranhos seguiram nossos rastros/ Destruirão nossas mais simples alegrias/ Continuaremos a brindar ou encontraremos uma nova cidade? (Cantou isso em inglês, claro). É visível que, nos versos de Strange Days, música do grupo americano The Doors, a estranheza dos dias de hoje (digo hoje por que, mesmo tendo sido composta há mais de quarenta anos, o tema continua de uma atualidade ímpar) ganha um tom apocalíptico, porém visto por uma perspectiva menos pessimista, possui a sua magia e o seu lado engraçado.
Fui hoje a uma vídeo locadora no centro da cidade de Criciúma, locadora essa que talvez seja a maior da cidade, e da qual se espera que prezem pelo bom atendimento ao público. Bom, chegando lá, já pude notar a presença de cerca de quinze pessoas para serem atendidas por um único funcionário da locadora. É de se imaginar como estaria o humor deste funcionário. Cumprimentou-me com um boa tarde que, em um cenário um pouco (só um pouco) mais soturno soaria como um desses bordões de filmes de suspense.
Funcionário: “Hello Zé, I want to play a game.”
Eu: “Boa tarde.”
Funcionário: “Live or die, make your choise.”
Ou então você entra no recinto e ele olha para você com um giro de cabeça de cento e oitenta graus, e sussurra “Seven days”.
Depois outro fato me levou a entender o mau humor do balconista. Fora, obviamente, o excesso de mão de obra que tantos clientes juntos exige, a burocracia da locação é o cúmulo da falta de praticidade. Primeiro o locatário, que já tem um cadastro pronto, tem que apresentar a carteira de identidade. Depois de feita a identificação pela carteira, é feita uma nova por impressão digital, com um canhão de identificação a laser. Depois disso o cliente paga, passa pelo lado do balcão e pega o filme do outro lado, pois o atendente cruza o balcão para entregar lá, enquanto os outros quatorze clientes esperam na fila. Depois ele parte novamente e repete o mesmo processo com os outros locatários (ou candidatos a, pois creio que a probabilidade de ser barrado durante o processo seja grande). Surge ai um novo tipo de fonte de renda, os coiotes da locação, para os locatários ilegais.
E o oposto disso ocorre nas pequenas locadoras. A expectativa é baixa, porém a praticidade e o atendimento são exemplares, e você é recebido sempre de braços abertos. Refazendo os versos de Jim: Os dias estranhos nos acharam/ Os dias estranhos seguiram nossos rastros/ Destruirão nossas mais simples alegrias/ Continuaremos a locar, ou encontraremos uma nova locadora?

quarta-feira, 12 de março de 2008

Logoslogia

Sociologia, biologia, psicologia. Estas são algumas das “logias” que estudamos na escola, fazem parte do currículo da maior parte dos colégios do Brasil. Para comprovar a total deficiência da educação em nosso país, ilustro mais algumas de muito mais relevância, e que deviam ser ensinadas, tais como:
Boiologia – Estuda as três classes de boiolas, que são o Básico, o Moderado e o Ai, Você Tá Um Arraso. Ensina a reconhecer um homossexual, sem discriminação, é claro, e aponta táticas de defesa pro caso de um possível ataque (isso, claro, caso você queira se defender).
Michaeljacksonlogia – Devia ser tema de vestibular. É abrangido superficialmente na Boiologia, mas aqui é estudado mais detalhadamente. Geralmente, são recomendados estes três livros para um estudo mais aprofundado: Michael Jackson: A vida em preto e branco, As criancinhas do tio Jackson e Minha vida e meus narizes.
Clitorologia – Todo homem deveria saber esta matéria de cor e salteado (pelo menos é o que acham as mulheres). Ensina onde fica o clitóris, porque ali está, quais suas funções, mostra a diferença entre ele e uma verruga e expõe os significados dos Ais, Uis e Que Gostosos.
Pipocologia – Você sabe fazer pipoca ou seus milhos ficam sem estourar, isso quando não queimam? Pois nesta disciplina você aprende como fazer pipoca salgada, doce, com chocolate, melado, etc.
Baratologia – Muito útil para quando aquela sua vizinha linda do apartamento da frente vier até a sua casa pedindo ajuda pra matar aquele monstro horrível lá no quarto. Convém também fazer um curso de Arrumoatorneirologia. Com a barata morta e a torneira arrumada, ela estará a sua disposição.
Ornintorrincologia – Estudo daquele bichinho tão esquisito que habita a Oceania. Confesso que adoraria estudar essa matéria, pois admiro tal animal, principalmente por sua coragem em aparecer em público, mesmo sendo daquele jeito.
Tchaologia – Acabou, tchau.

sábado, 8 de março de 2008

Frases Famosas


Não consigo entender o tamanho sucesso da frase “O rato roeu a roupa do rei de Roma”. Por que esse sucesso? O que essa frase tem demais? Os erres? Se for por isso: O reitor rasgou a redação de Roger e releu a de Rui, rumou para a rua e repetiu o ritual de rir dos restos rasgados.
Ou poderia ser com esses:
- Seu Souza, o senhor é sexualmente semelhante ao Silvio Santos, ou serão somente seus sonhos?
T: Tudo traz tesão ao tarado, todavia todos tentam torna-lo terno.
F: O focinho do famoso filósofo Fofão foi ferido na frente da farmácia, fincado por um furão.
E não é somente esta frase que me tira do sério. Um prato de trigo para um tigre, dois pratos de trigo para dois tigres. Por favor, alguém já viu um tigre comendo trigo? Um pão francês que seja? Uma bolacha Maria? E que desperdício, com tanta gente passando fome. Podia ser: um prato de trigo para meu tio, que está desempregado faz dois anos com mulher e três filhos. Ou: um prato de trigo pra minha mãe fazer um bolo pra mim. Com cobertura de chocolate tá mãe?
Outras coisas pelas quais às vezes me flagro num resmungo interno são frases publicitárias, tais como: “Esse remédio é o bom pra gripe? Bom é, mas o marvado é esse aqui ó!”. Algumas vezes me pego criando alguns desses slogans imbecis. Aqui vão alguns:
De motel: Aqui se faz, aqui se paga.
De uma transportadora cujo dono é gay: Levo tudo na traseira.
De vibrador: By Parkinson.
De radinho à pilha: Shhhhrrrhhsssshhhhhhh.
Funerária: Só sai daqui morto!
Usina nuclear: Um olho é pouco, dois é bom, três é urânio.
Manicure: Não meta os pés pelas mãos!
Eu seria o maior sucesso no mundo da publicidade, teria até meus próprios slogans: Zé Gota, o publicitário do armário (somente para mulheres casadas). Ou: Zé Gota, cabeça diretamente proporcional às idéias. Não, essa não, pois acabariam me confundindo com a Mula-sem-cabeça, e não é bem assim, pois minha cabeça é enorme, pelo menos em relação às cabeças de outras pessoas. Mas seria pequena em relação à de um tricerátops, já que... bom, acho que é hora de encerrarmos por hoje. Eu disse que já é hora de encerrarmos por hoje. Por que você continua lendo? Está me fazendo fugir do tema. Bom, se não sai você saio eu, tchau.

terça-feira, 4 de março de 2008

Manual do Mineiro da Luz


Paulo Coelho, o escritor que mais vende livros no Brasil há cerca de dez anos, passou em sua jornada espiritual por diversas provações, onde adquiriu muito conhecimento, inclusive de supostas técnicas de magia e alquimia. Ele publicou muitas destas lições e ensinamentos em seu livro Manual do Guerreiro da Luz, pois de que vale o saber sem repassa-lo à alguém? O livro ensina uma pessoa do bem a lutar por um mundo melhor e tornar-se uma pessoa cada vez mais do bem.

Bom, também eu passei por várias provações em uma empresa de extração de carvão mineral para poder alcançar um nível mais elevado de percepção mineradora, para poder entender melhor como a mina funciona e conhecer os atalhos de uma convivência harmoniosa e produtiva no trabalho. Infelizmente, minha visível superioridade técnico-teórico-produtiva na empresa não foi vista com bons olhos por meus superiores hierárquicos, o que culminou em minha demissão, mas isso não vem ao caso. O importante é que esta experiência me levou a desenvolver um manual que deve ser seguido por todo trabalhador de extração de carvão: o Manual do Mineiro da Luz. Descrevo aqui os principais pontos do livro, como um aperitivo.

  • Todo Mineiro da Luz deve lavar-se lentamente para que o carvão, que ao fim de um dia de trabalho consegue penetrar nos cantos (cantos, não orifícios) mais obscuros do corpo, seja totalmente removido e devolvido à natureza, retomando seu ciclo natural.
  • Ele nunca deixa sua roupa e comida expostos, pois sabe que vestir uma blusa com dezenas de nós é quase impossível. Aprendeu também, da pior maneira, que graxa no meio do pão causa imenso dano ao paladar.
  • Vocabulário do Mineiro da Luz:

Em Acha: Cansado, exaurido, estafado.

Tauba: Tábua.

Chilame: Resíduo líquido de carvão não-beneficiado.

Muu: Corno, ser do sexo masculino traído pela mulher.

  • Um Mineiro da Luz sabe que o banheiro é um conceito ultrapassado, e que qualquer canto vagamente escuro da mina é digno de receber o fruto de nossas necessidades fisiológicas.
Por fim, o Mineiro manuseia sua marreta com a perícia de um samurai, veste sua bota e seu capacete com a paixão de um kamikaze, e usa esse manual com a sabedoria e humildade de quem sabe que sempre há algo o que aprender.

domingo, 2 de março de 2008

Insensatez


E eis que aconteceu mais um atentado no Iraque (um dos noticiados, pois os de “pequeno porte” ocorrem quase que diariamente, mas a morte de três ou quatro pessoas parece não ter relevância suficiente para justificar o gasto de alguns segundos de programação) onde morreram16 pessoas. Quatro delas eram soldados americanos, enquanto as outras 12 eram civis iraquianos. Este é o saldo da derrocada do império de Saddam, ou Sattam, como bush certa vez o rotulou, talvez tentando passar adiante o próprio rótulo.
É nítido que a principal causa dessa guerra foi a insensatez. A insensatez motivacional da invasão americana no Iraque, que foi iniciada por conta de bombas inexistentes, religiões divergentes, petróleo aos montes e democracia imposta, se é que cabe o termo. A insensatez suicida de um povo cultural e religiosamente humilhado, o que o leva a revidar com a sutileza de uma bomba amarrada à cintura. Este povo, me referindo agora aos muçulmanos em todo o mundo, além de sofrer com o preconceito de todo o ocidente, ainda sofre preconceito da pessoa à qual é atribuída a função de zelar pela paz: o Papa.
É dele a frase que foi a mais insensata do ano passado, talvez da década: “Os muçulmanos são o mal do mundo”. Sua Santidade deveria ser o membro mais sensato da igreja! E talvez seja, pois a sensatez nunca foi uma das características mais marcantes da igreja. A igreja vem sendo insensata desde a inquisição, passando pelo período de caça às bruxas, pela crucificação de gênios como se fossem hereges, até a insensata teimosia de hoje em continuar transformando progresso em pecado. Camisinha, pesquisa com células tronco, aborto, todas estas coisas que são condenadas quando deveriam ser discutidas para que se encontrasse um denominador comum da melhor forma de usá-las. Mas é claro que ninguém é sensato o suficiente para faze-lo.
Enfim, a insensatez do ocidente ao oriente, do rico ao pobre, da igreja à ciência, vem deteriorando as relações humanas de tal maneira, que a intolerância se apodera da mente dos líderes mundiais em geral, impedindo-os assim de pensar com clareza. O inconsciente coletivo comanda as ações de todos os lados, o que pode nos levar a um futuro atentado de proporções catastróficas. Que tal Bin Laden com uma Bomba H nas mãos? O Papa pensaria duas vezes antes de denegrir publicamente a religião alheia e Bush pensaria duas vezes antes de derrubar estátuas.

quinta-feira, 28 de fevereiro de 2008

Negociação


Seu rosto lúgubre surgiu ao alto de meus olhos quase imperceptível. Os olhos flamejavam um vermelho arrebatador. Vermelho como o escarro do tuberculoso agonizante. Vermelho como a maçã oferecida pela serpente.
“Vim buscá-lo, grande amigo. É hora da redenção de teus pecados”.
“Quer dizer que tão maldita hora é agora chegada?” – perguntei-lhe.
“Não só é chegada a hora como por pouco tens tempo para últimas palavras”.
Disse isso impondo aos meus olhos a visão de sua foice marcada com o sangue maculado pela culpa de outros tantos como eu. Sangue de um vermelho tão arrebatador quanto seus olhos.
“Mas por que eu? Por que agora?”
“Tu mesmo te sacrificaste tolo. Teus alucinógenos, bebidas, drogas em geral, todos venenos a longo prazo”.
“Mas não há nada que se possa fazer? Dinheiro há às muitas. Compro-te minha salvação”.
“Será que não entendes? Não se trata...”
“Calma, calma. Senta-te no estofado da poltrona. Aceitas um uísque?”
Nisso ele disse que sim.
“Certo. O que achas de umas duas mil moedas de ouro por tua réles vida?”
“Pago-te até quatro”.
“Pois bem. Traga-me as moedas e vou-me embora”.
Fui buscar as moedas e quando voltei, ele já me esperava à porta. Entreguei-lhe as moedas e, no momento em que dizia adeus, senti a lâmina da foice cruzar meu pescoço. Minha cabeça foi ao chão.Antes de perder pela última vez os sentidos, pude observar meu corpo caindo. O copo de uísque quebrando, manchando com álcool o tapete. O olhar de meu assassino não era agora mais vermelho, mas sim roxo. Roxo de triunfo. Roxo como os de um viciado em heroína. Roxo como eu estaria em minutos. Meu último pensamento antes de desfalecer por completo foi o de que havia, literalmente, entregue o ouro ao bandido.