domingo, 2 de março de 2008

Insensatez


E eis que aconteceu mais um atentado no Iraque (um dos noticiados, pois os de “pequeno porte” ocorrem quase que diariamente, mas a morte de três ou quatro pessoas parece não ter relevância suficiente para justificar o gasto de alguns segundos de programação) onde morreram16 pessoas. Quatro delas eram soldados americanos, enquanto as outras 12 eram civis iraquianos. Este é o saldo da derrocada do império de Saddam, ou Sattam, como bush certa vez o rotulou, talvez tentando passar adiante o próprio rótulo.
É nítido que a principal causa dessa guerra foi a insensatez. A insensatez motivacional da invasão americana no Iraque, que foi iniciada por conta de bombas inexistentes, religiões divergentes, petróleo aos montes e democracia imposta, se é que cabe o termo. A insensatez suicida de um povo cultural e religiosamente humilhado, o que o leva a revidar com a sutileza de uma bomba amarrada à cintura. Este povo, me referindo agora aos muçulmanos em todo o mundo, além de sofrer com o preconceito de todo o ocidente, ainda sofre preconceito da pessoa à qual é atribuída a função de zelar pela paz: o Papa.
É dele a frase que foi a mais insensata do ano passado, talvez da década: “Os muçulmanos são o mal do mundo”. Sua Santidade deveria ser o membro mais sensato da igreja! E talvez seja, pois a sensatez nunca foi uma das características mais marcantes da igreja. A igreja vem sendo insensata desde a inquisição, passando pelo período de caça às bruxas, pela crucificação de gênios como se fossem hereges, até a insensata teimosia de hoje em continuar transformando progresso em pecado. Camisinha, pesquisa com células tronco, aborto, todas estas coisas que são condenadas quando deveriam ser discutidas para que se encontrasse um denominador comum da melhor forma de usá-las. Mas é claro que ninguém é sensato o suficiente para faze-lo.
Enfim, a insensatez do ocidente ao oriente, do rico ao pobre, da igreja à ciência, vem deteriorando as relações humanas de tal maneira, que a intolerância se apodera da mente dos líderes mundiais em geral, impedindo-os assim de pensar com clareza. O inconsciente coletivo comanda as ações de todos os lados, o que pode nos levar a um futuro atentado de proporções catastróficas. Que tal Bin Laden com uma Bomba H nas mãos? O Papa pensaria duas vezes antes de denegrir publicamente a religião alheia e Bush pensaria duas vezes antes de derrubar estátuas.

2 comentários:

Anônimo disse...

O mundo é insensato.
O ocidente contra o oriente, o oriente contra o ocidente.
Os indios do wild west malvado mortos a balas pelos heróis do leste.
As Igrejas se apropriando de um suposto Deus, único, mas para cada Igreja, só está na sua própria.
As Igrejas se apropriando de um suposto Deus, onipresente. Mas queimando aqueles que acreditam que há Deus em toda parte, não somente em altares supostamente sagrados. Insenatez.
Mortos de fome, filhos de Deus. Carma, destino, Deus assim o quis? Insensatez.
Escrever para aliviar a consciência e depois ir dormir? Insensatez.
Confessar os "pecados" para poder ir para um suposto paraíso? Insensatez.

Insensato, também, este comentário.

Abraço, sensato, é claro.

Musikman disse...

Sua revolta com a insensatez do mundo é justificada, mas a frase que você citou jamais existiu.

Na verdade o papa fez um discurso na universidade de Regensburg, na Alemanha, onde citou literalmente as palavras do imperador bizantino Manuel II:
"Mostre-me apenas o que Maomé trouxe de novo ao mundo, e lá você encontrará apenas coisas más e desumanas..."
Foi uma citação, literal, como parte de uma argumentação muito maior, cujo objetivo NÃO era inferiorizar os muçulmanos, muito menos incitar ódio religioso, mas sim enfatizar a estupidez das guerras santas. Guerras que vão contra o próprio valor divino da vida que as religiões tanto pregam.

Repare na imensa distância entre a frase fictícia que se popularizou e a frase que realmente existiu, citada a partir de registros históricos, como parte de um discurso enorme que abordava VÁRIOS assuntos.

Acho que o troféu da insensatez não deve ir para Papa desta vez. Melhor dar o troféu para a imprensa, que anda desinformando além do que o mundo é capaz de suportar já há algum tempo.

Abraço