domingo, 23 de março de 2008

A Reunião

A caravana dos leprosos chegou no ponto de encontro quase uma hora antes. Medo de possíveis imprevistos que levassem a um atraso. Uma mão caída ali, uma orelha acolá. Genitais masculinos demandavam mais tempo pois ninguém ousava juntar. Seios também, pois todos queriam juntar.
Os magos chegaram em seguida, sem muito esforço. Abracadabra, temos uma carruagem para nos levar, alacazan, chegamos. Os alquimistas traziam chumbo para, caso precisassem de dinheiro, transformar em ouro. Ilusionistas traziam elefantes, apenas para terem algo para fazer desaparecer, acho. Algo de impacto. Pombos e coelhos tramavam, nos bastidores, um conluio para que os elefantes soubessem novamente quem é que manda.
Os políticos também vieram. Parlamentares, imperadores, ditadores, democratas, republicanos. E vereadores. Os lobistas garantiam que o circo iria pegar fogo. Nero viria. Só Saddam Hussein não veio. Problemas respiratórios. Dizem. Lula, Chavez, rei Juan Carlos. Todos vieram. Grande caixa dois. Por pouco tudo não teve que ser cancelado. Falta de verbas. Dizem.
Emos vinham chorando. Alguns por terem sido obrigados, por seus pais, a virem. Outro pela morte da mãe do Bambi. Outros por quererem ser o Bambi “temos tanto em comum”. Até a franja é parecida.
Merlin dá início à reunião, pedindo aos políticos isenção fiscal para que novos magos possam se estabelecer e viver razoavelmente pois, como sabem, são tempos difíceis. Lula afirma que pode ser difícil convencer o senado e a câmara. Chavez diz que isto é coisa dos mercadores sanguessugas de Satã. Estados unidos. Juan Carlos: Por que no te callas?
O líder dos leprosos toma a palavra, exige que os alquimistas desenvolvam um elixir da união da carne, ou dos pedaços de carne, ou dos membros soltos, ou algo do tipo. Merlin afirma que, com estes impostos, não dá. Os leprosos, revoltados, lançam seus dedos do meio contra os magos. Um dos dedos acerta o olho de um elefante, que corre assustado a esmo, esmagando dezenas de reunidos. Os emos choram. Merlin, revoltado com o choro desgarrado deles, os transforma em Bambis. Felicidade geral entre os emos. Lula tenta acalmar os ânimos, dizer que a economia vai bem, que o poder aquisitivo do povo nunca foi tão alto, que nunca houve um mercado de trabalho tão amplo, mas já é tarde, Nero já ateou fogo em tudo.
E viveram felizes para sempre. Dizem.

3 comentários:

Anônimo disse...

É mais ou menos ao pó retornaremos. hehehe.. legal! ^^

Flavia Melissa disse...

Hahahaha, rolei de rir aqui!
E o mais louco é perceber que, por mais insanos que os personagens sejam, todos eles tem um pouco da gente. Eu, pelo menos, tenho me sentido meio que o dedão-do-meio do leproso voando na direção de alguém... É prá se preocupar?

Adorei sua visita no meu cafôfo e adorei o seu blog. Gosto do jeito que vc escreve. Quero ler mais!

beijo grande :)

Flavia Melissa disse...

Ah, que foufo!
vc já está devidamente linkado.
Beijones!