quinta-feira, 27 de março de 2008

Live or Die, Make Your Choise

Dizem que a vida se resume às oportunidades que temos e às decisões que tomamos diante delas, porém não eu definiria assim. Acho que a vida se resume às decisões imbecis que quase sempre tomamos. O mundo é rodeado por elas, as decisões imbecis. O ser humano tem por princípio optar pela estupidez.
Por exemplo, eu, deveria ter optado por não aceitar o emprego de mineiro, e sim, como muitos insistiram para que eu fizesse, seguir a carreira musical, pois com meu talento e sex appeal o sucesso era iminente. Claro que a experiência obtida na mina me levou a escrever o Manual do Mineiro da Luz, que em longo prazo me renderá alguma notoriedade pela repercussão do livro, porém só em longo prazo.
Outra escolha terrivelmente infeliz é um trecho de música colocado no comercial do álbum Intimidade, de Oswaldo Montenegro, onde se diz “E atrás tem alguém que virá, que virá, que virá” e que, ouvindo a música inteira, percebe-se que não há maldade alguma neste refrão,tratando-se de um relacionamento que acabou e que logo virá alguém para substituir o antes amado. Porém ouvindo apenas o trecho do comercial, ele deixa uma grande margem para interpretações de duplo sentido. A música tem trechos lindos, como “olhe bem nos meus olhos/ olhe bem pra você/ o fato é que a gente perdeu toda aquela magia”, mas é claro que os criadores da propaganda tinham que fazer alguma escolha ruim.
Mais uma opção péssima, aliás uma não, duas: as que Zagallo fez na final da copa de 98, contra a França. A primeira foi colocar Ronaldo, o Fenômeno, em campo depois de ter um ataque epilético no vestiário minutos antes do jogo. Ronaldo ficou se arrastando em campo enquanto Edmundo, naquela época “comendo” a bola, ficou no banco. Outra decisão errada dele foi não mandar quebrar a perna de Zidane antes dos 5 minutos de jogo. Poderia mandar o próprio Ronaldo lhe dar uma entrada mais forte, assim Zidane, que fez dois gols no jogo e acabou com zaga brasileira, sairia machucado e Ronaldo seria expulso, o que não faria diferença nenhuma, pois ele não jogou nada mesmo. O saldo destas duas decisões erradas foi uma vergonhosa derrota por 3 a 0 e a decepção geral da nação, pois Zagalo tinha nas mãos uma das melhores seleções brasileiras que já vi jogar.
O Baiano fez uma péssima escolha ao matar o Neto. O Coiote faz muito mal em tentar pegar o Papa-léguas e as ovelhas que aquele cachorro com o cabelo na frente do olho cuida. Arius se arrependeria até hoje de ter seqüestrado e filha de John Matrix (Schwarzenegger) em Comando Para Matar, se estivesse vivo para isso. Alguém fez muito mal ao dizer que o Tuta poderia jogar futebol. Muitas pessoas fazem muito mal ao torcerem para times que não são o Palmeiras. Os sobreviventes de Lost devem se culpar até hoje por terem caído naquela ilha, e não na de A Lagoa Azul, com uma loira nua o tempo todo ao seu lado. E sem “os outros”. Neo não deveria ter escolhido a bolinha vermelha em Matrix, isso lhe pouparia muito tempo e esforço. E talvez assim não tivessem feito os outros dois filmes da trilogia.
Enfim, estamos condenados a escolher a pior opção, da pior forma e na pior hora possível.

4 comentários:

Anônimo disse...

De acordo com o F. Zappa, "existe mais estupidez do que hidrogênio. Estupidez é o elemento básico do universo". =)

Anônimo disse...

Tá legal : - ))
Vou botar seu blog nos meus links tumén!!!!

Anônimo disse...

Obrigada pelo link na sua página; o Trator vai para outro endereço, aí, acrescento o LM News também. Boa semana!

Unknown disse...

Incrível ter lido este seu texto exatamente hoje - optei (imbecilmente?) por comentar este e não o primeiro pelo simples fato de que tenho pensado obsessivamente sobre as escolhas.
Não sei se temos uma propensão a escolher sempre a opção mais estúpida, e a verdade é que jamais saberemos pois não temos como voltar e fazer uma nova escolha. Nada na vida se repete, e cada escolha que fazemos significa des-escolher outra série infindável de alternativas. Cada escolha que fazemos faz com que peguemos uma tangente e (talvez) nos distanciemos do nosso ponto de chegada original - foi uma boa opção? Como saber? Como saber que esta escolha estúpida a qual você se refere não é, no caso, o melhor que podia ter acontecido? E se a outra tangente nos levasse ainda mais longe do que pretendíamos chegar? O ser humano tem o prepotente defeito de se achar capaz de julgar as escolhas de cada um e de determinar o que de melhor poderia ser feito. Impossível: uma vez que fazemos é única, e nunca basta, pois jamais se repetirá, o momento jamais voltará, é quase como se não tivesse existido.
Afinal, que diferença na história fez as decisões do Zagallo? As bolinha do Matrix? Nada, viraram sombra numa história que se renova a cada segundo.
Histórias estúpidas ou não, a única que conhecemos.
Parabéns pelos textos, gostei muito e irei adicioná-lo em meus blogs favoritos. Grande beijo!