sexta-feira, 4 de abril de 2008

Mais Frases

Palavras às vezes se encontram de forma surpreendentemente genial ou surpreendentemente (odeio como soam essas palavras que já terminam com “ente” e que, por uma destas peças que a língua insiste em nos pregar, somos compelidos a somar mais um “ente” no final) imbecil nas frases. O pior de tudo é que, é claro, as palavras se unem justamente para dar sentido as frases, porém é este sentido que de vez em quando falta a elas.
Um exemplo é o trecho de uma música dos Natiruts, que diz “Mas o carcará foi dizer pra rosa que a luz dos cristais vem da lua nova e dos girassóis”. ????????. Desafio alguém a encontrar um sentido para esse jorro de palavras sem nexo, típica deste pop reggae tosco-chapado que impera nos dias de hoje. Qualquer um. E digo mais, alguns argumentarão que com certeza o resto da letra dá algum sentido ao trecho. Não dá. Façam o teste, o desafio está lançado.
Porém algumas frases têm um impacto que beira a genialidade. O Analista de Bagé diz que é freudiano “mais ortodoxo que caixa de maizena”.
E existe algo mais ortodoxo?
Já busquei nos mais escuros porões de minha mente alguma, mesmo que remota, lembrança de uma caixa de maizena que não seja aquela amarela, com a foto do Sr. (ou Sra.?) Quacker do lado e uma receita “de vó” atrás. Aliás, se lançassem maizena em caixas de outra cor seria o caos. Os bebês veriam sua mãe preparando seu mingau com uma maizena de caixa, digamos, vermelha, e diriam:
- Buááááááááááá...
Mas pensariam:
- Que é isso? Acabaram com o monopólio da maizena amarela? Eu não vou tomar esse mingau. Não. Mãe, eu não quero brigar com a senhora...
Há aqueles momentos em que não só as palavras rabiscadas num papel entram para a história, como também seus autores, na maioria das vezes devido à própria frase. Getúlio Vargas teria ocupado muito menos papel nos livros de história não fosse a célebre “Saio da vida para entrar na história”. Claro que essa frase precedeu um tiro na cabeça, mas garanto que ela causou muito mais impacto (não na cabeça dele, claro).
Ou o que seria de Arnold Schwarzenegger sem o clássico “hasta la vista, baby”? Ele teria passado meses em depressão tentando assimilar o fracasso de Conan e tentando recuperar a forma física para ser eleito Mister Universo mais algumas vezes, porém sua carreira de “ator” estaria arruinada e, consequentemente (“ente” + “ente”, de novo), também sua carreira política, se é que ela chegaria a existir.
Carla Perez, não fosse o “I, de iscola”, talvez apresentasse um programa qualquer sobre futilidades como os da Adriane Galisteu e da Luciana Gimenez em uma emissora de grande porte, o que não faria diferença alguma ao telespectador.
Algumas frases me despertam uma inveja tremenda, e não a chamada inveja boa. A ruim mesmo. Dá vontade de matar os autores, limpar todos os registros e reescrevê-las recebendo todos os créditos. Ex.: “Na matinê morro de tiro ou de tédio, se Deus morreu quem é que vai me enterrar?”, “tenho 25 anos de sonho, de sangue, de América do Sul, por conta deste destino um tango argentino me cai bem melhor que um blues”, “os dias parecem séculos quando a gente anda em círculos, seguindo ideais ridículos de querer lutar e poder”, “meus amigos parecem ter medo de quem fala o que sentiu, de quem pensa diferente, nos querem todos iguais, assim é bem mais fácil nos controlar, e mentir, e matar o que tenho de melhor: minha esperança”.
E, pra encerrar, fica uma para que vocês reflitam e, se possível, apliquem em situações cotidianas:
“Zum zum zum zum zum baba, zum baba, zum baba/ Tava na avenida com você/ Tava esperando Maimbê/ Maimbê, Maimbê bamba”.

4 comentários:

Flavia Melissa disse...

Putz!

Bem que tentei mas não consegui decifrar nenhum dos desafios.

O que me faz lembrar uma frase de uma música da Cassia Eller:
"palavras, apenas, palavras, pequenas, palavraaaaaaas, momentooooooos..."

Pois é.
A língua portuguesa tá aí prá ser inventada, adaptada, usufruida, transformada...

Estragada?

Beijo grande!

Anônimo disse...

Então, haja paciência para decifrar enrolações na língua portuguesa, hehehehehe...

Mas uma coisa: na caixa da Maizena, há os índiozinhos (visual meio americano, tendinha e tudo). A que tem "o vô" é a Aveia Quaker.

Zé Gota disse...

Réplica:
quando eu era criança haviam 2 marcas que eu consumia de amido de milho: a maizena, que é a clássica, e uma da Quaker, que se apoderou do nome de Maizena tbém, por já era conhecido por Maizena o amido de milho.
lembro que teve até um disputa judicial por causa do nome...
fiz até, com 2 anos de idade, um abaixo assinado para que mantivessem o nome de maizena, que teve influência direta na decisão do juiz a favor da Maizena Quaker.

Anônimo disse...

Isso é dadaísmo puro! Mas nos Natiruts não, é maconha merrrmo!
hehe